Os títulos dos jornais… têm muito que se lhes diga.
Por exemplo, o Correio da Manhã diz que este ano duplicaram os chumbos a português, nos exames do 9º ano do ensino secundário. Chega-se ao Jornal de Notícias e lê-se que, o que duplicou, foi o número de notas negativas a português nesse mesmo exame… o que não será forçosamente a mesma coisa… ter uma negativa e chumbar no exame. Outro, o do Diário Económico, que diz que o Tribunal da Relação considera inconstitucional a ASAE – Autoridade de Segurança Alimentar e Económica… e depois, em sub título, percebe-se que não será tanto assim. O que é inconstitucional, segundo os juízes da Relação, é a transformação da ASAE em polícia criminal, com poder para ordenar detenções, apreensões e até escutas telefónicas. Uma vez mais, o título leva ao engano; já que não é tanto a ASAE, quem está fora da lei, mas sim alguns poderes que lhe foram entretanto concedidos e que, esses sim, necessitam autorização parlamentar. Portanto, não é a ASAE que é inconstitucional, como diz o título, mas sim a atribuição de alguns poderes e valências é que , ao que parece foi feita sem a autorização devida. E isso é que é inconstitucional.
Do resto – e já agora ainda na primeira do Económico - diz-se que as pequenas e médias empresas estão mais vulneráveis ao contágio da gripe A e que o presidente da Escola Nacional de Saúde sublinha a necessidade de informação, nos locais de trabalho, para prevenir esse perigo.
Da gripe A , puxa o JN para a capa a informação que a epidemia não vai fazer parar os transportes públicos em Portugal. Outra chamada de capa no JN fala de armas ilegais e diz que hoje vão ser destruídas mais mil armas de fogo e 15 mil armas brancas … As caçadeiras estão no topo da lista e a lista, ela própria já vai em 15 mil, armas ilegais apreendidas em 3 anos… aqui, calcula-se que se esteja a falar em 15 mil armas de fogo apreendidas em 3 anos, já que 15 mil, mas armas brancas, serão destruídas hoje, mais as mil de fogo e já íamos em 16 mil…
No Diário de Notícias há uma guerra de titans, a abrir a primeira página. Microsoft e Google fazem o braço de ferro, que a fotografia simbolicamente ilustra, para dominarem o mercado dos sistemas operativos. A matéria merece desenvolvimento em suplemento especial de 2 páginas…
E depois, de volta às contas da casa… Diz o DN, que o Estado português pagou 4 milhões de euros de pensões de alimentos até Março último. Há cada vez mais crianças a receber as pensões de alimentos, que deviam ser pagas pelos pais, através do Fundo de Garantia da Segurança Social… Diz o DN, que há casos em que, quando os pais renitentes finalmente se decidem, ou são obrigados pelos tribunais a cumprir esse dever – de pagar a pensão de alimentos aos filhos - já eles chegaram à maioridade.
Do mundo, traz o DN a notícia de que Kim Jong-il sofre de cancro no pâncreas, o que pode querer dizer que pode estar por pouco, a morte do líder norte coreano. Foi a televisão da Coreia do Sul, quem mostrou, há perto de uma semana, o presidente numa cerimónia pública. Extremamente debilitado, com o ar de quem envelheceu vários anos, em muito poucos meses.
Já quase em rodapé , uma outra notícia que passa obviamente pelos outros jornais também, já que a matéria é de interesse nacional e bastante sensível. Diz o DN que os policias portugueses compram, do próprio bolso e a prestações, algemas e coletes de protecção. Isto porque o material dado pelos comandos da corporação não chega para todos.
No Público deitam-se as contas aos exames do 9º ano e comparam-se os resultados com os do 12º ano que se realizaram a semana passada. E comparam-se também com valores do ano passado e de há dois anos e comparam-se percentagens de positivas e de negativas e vice-versa também... em resumo, na capa do Público, deitam-se contas.
E a outras contas também… as da imigração. Diz o Público, que a nova lei de estrangeiros tirou 53 mil brasileiros e ucranianos da clandestinidade. Apesar disso, hoje estima-se ainda em 440 mil, o nº de imigrantes ilegais em Portugal.
No I, a manchete vai para a guerra no Afeganistão. O ministro da Defesa explica ao jornal, o que espera os soldados portugueses destacados para o Afeganistão e porque razão esta guerra é tão diferente das outras.
Com chamada de capa ainda no I, lança-se a questão- será que o seu filho escolheu o curso certo? Deixam-se depois algumas alíneas, que parecem querer condicionar essa escolha… a saber: os cursos com maiores taxas de emprego; as profissões mais bem remuneradas; os cursos com vagas a mais e empregos a menos; o retrato do desemprego entre os mais jovens...
Ora, conclui-se portanto que, quando se fala em curso certo, temos como horizonte, não tanto a valorização pessoal de cada um, o enriquecimento do património nacional de conhecimento e habilitação, mas simplesmente a conquista de um emprego bem remunerado… como dizia O’Neill- é pouco como projecto ?! … é no entanto o projecto mais imediato e urgente, de muito boa gente, ao que parece.
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