Vamos lá, então!


A partir de hoje, doravante e para o futuro, é aqui que podeis ficar a par e passo certo com a actualidade que realmente interessa, à medida que os gatos vão deixando os jornais do dia, ainda a cheirar a peixe, ao pé do Quiosque e à mão de semear da Maria Pandilha, uma vossa criada e criatura fortemente empenhada na livre circulação de informação, ideias e outras merdas.
Por isso as vendo ao preço que as compro, as notícias do dia.
Se cheiram a peixe, a culpa não é minha. Se quereis jornais a cheirar a tinta, comprai-os vós, que isto não é a Santa Casa, gaita!

Vamos lá, então.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A notícia vem de Manchester… do aeroporto de Manchester, que é onde, desde esta semana, se pôs à experiência uma máquina de raios X, para detectar armas e explosivos nos passageiros. A ideia é evitar as revistas habituais, que desagradam a muitos.

Acontece que esta ideia está também longe de ser consensual. Teme-se pela violação da privacidade das pessoas… Segundo os jornais, este processo permite visualizar - citemos o Diário de Notícias: “o raios X de corpo inteiro mostra implantes nos seios, piercings e um claro contorno a preto e branco das partes íntimas dos passageiros…”

Quanto a riscos para a saúde, garantem que não… este scanner tem uma radiação 20 mil vezes mais fraca que o raio X normal… dizem que qualquer pessoa se pode submeter a umas 5 mil exposições por ano, deste tipo de radiações, sem problemas de qualquer espécie…

Agora a privacidade é que é pior. Os responsáveis garantem que as imagens recolhidas - citemos uma vez mais, que é melhor… “as imagens não são pornográficas ou eróticas e serão vistas apenas pelo funcionário do aeroporto responsável pela revista, num local isolado e destruídas logo após o exame…” Enfim, isso já dependerá da atitude do passageiro, se as imagens se revelarem mais ou menos eróticas, ou pornográficas mesmo... Adiante!) Garante-se que nenhuma delas será guardada, nem arquivada, nem copiada e que, para além disso tudo, o rosto do passageiro nunca aparece sequer.

O novo processo está à experiência, como já se disse, no terminal 2 do aeroporto de Manchester, mas, quem quiser pode escolher o modo tradicional de revista, com as mãos e aqueles sensores que apitam, mas , os responsáveis pela ideia, acreditam que, com o tempo, o método do scanner acabará por vingar.

No 24 Horas a história merece mesmo página inteira e trás, a compor o ramalhete, o depoimento de Rui Tavares, eurodeputado do Bloco de Esquerda…

Diz então Rui Tavares, entre outras coisas, que “os incómodos com a segurança não podem fugir ao controlo democrático e ao próprio senso comum.” Ou seja, acrescenta o jornal, voltando a citar o eurodeputado… “não podemos dar à democracia instrumentos que possam ser utilizados por uma ditadura.”

E pode dar-se as voltas que se quiser ao assunto, mas soa-me que estamos aqui perante qualquer coisa que se aproxima mais daquilo a que chamaria o síndrome da parra de Adão e Eva.