Vamos lá, então!


A partir de hoje, doravante e para o futuro, é aqui que podeis ficar a par e passo certo com a actualidade que realmente interessa, à medida que os gatos vão deixando os jornais do dia, ainda a cheirar a peixe, ao pé do Quiosque e à mão de semear da Maria Pandilha, uma vossa criada e criatura fortemente empenhada na livre circulação de informação, ideias e outras merdas.
Por isso as vendo ao preço que as compro, as notícias do dia.
Se cheiram a peixe, a culpa não é minha. Se quereis jornais a cheirar a tinta, comprai-os vós, que isto não é a Santa Casa, gaita!

Vamos lá, então.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

E agora escolhei…

O Diário de Notícias diz que o FMI prevê que Portugal vai perder 160 mil empregos e diz que são previsões que abrangem o período entre 2008 e 2010.

O jornal cita o relatório actualizado do FMI, que foi ontem divulgado e que prevê um record da taxa de desemprego, desde que há estatísticas oficiais sobre o assunto.

Ora, saltemos para a capa do Público… FMI prevê mais 180 mil novos desempregados. E aqui temos já um ganho, ou se quisermos uma perda de 20 mil novos postos de trabalho. Ou, mais correctamente, a perda de 20 mil velhos postos de trabalho. Ou, colocando a questão de outra forma… a diferença equivale ao ganho de 20 mil novos desempregados… seja como for, a diferença é sempre de 20 mil, ou, tendo em conta o adjectivo que precede ambas as hipóteses, ou seja, mais de 160 mil, no caso do DN, ou mais de180 mil, no caso do Público, temos que a diferença se arrisca a ser, ela também, de mais de 20 mil novos desempregados, ou 20 mil velhos postos de trabalho perdidos…

Avancemos entretanto para o Jornal de Negócios – O desemprego é a manchete. Óptimo, escusa-se de procurar muito. Está logo aqui em título negro e a toda a largura da primeira página… e diz assim: “Desemprego vai atingir mais de 600 mil pessoas.” São de facto mais de 160 mil, como diz o Notícias, e igualmente mais que os 180 mil do Público...Seiscentos mil, diz aqui. Mais de 600 mil! Continua-se, explicando que estamos a citar o mesmo relatório do FMI, de que já falámos e que esse mesmo relatório dá conta dos tais 11% de taxa de desemprego, que continua, também aqui na primeira do de Negócios, a ser a mais alta, desde que há memória e estatísticas sobre o assunto… o de Negócios diz que, no caso, é desde 1953… é esse o ano de referência, quando se fala na mais alta taxa de desemprego de sempre do chamado mundo rico…

O 24 e o Correio ignoram o assunto na primeira página da edição de hoje…

O Jornal de Notícias fica-se pelas percentagens, que neste caso ainda vão coincidindo nos tais 11%.

Já o Diário Económico, que trás o desemprego para manchete, fica-se pela constatação do facto, dos números previstos representarem um record histórico, adiantando o pormenor desses números - no caso português - nos manterem em linha, com os parceiros europeus…

Diz ainda que, pior que Portugal, contudo e entretanto, estão países como a Itália, Finlândia, Alemanha e Irlanda…

Piores como?!... Também não acertam com as contas, quando se querem traduzir percentagens em números reais?...

E saimos por onde entrámos, pode ser?...

E saímos com uma boa notícia, pode ser?...

Diz o DN, que as crianças portuguesas são das menos apoiadas do mundo rico.
A boa notícia é , pelo menos o Diário de Notícias , considerar Portugal membro da família dos países ricos, obviamente.

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