E a imprensa inglesa continua na senda dos políticos que usaram dinheiros públicos para cobrir despesas pessoais. Desta vez cita-se o Daily Telegraph, que acaba de publicar a notícia de 9 ministros trabalhistas apanhados no mesmo delito. Oito deles são identificados pelo jornal, um deles é o próprio ministro dos estrangeiros, David Milliband. O total do dinheiro gasto indevidamente sobe aos 12 500 euros, dinheiro usado para pagar a contabilistas, que tratavam das contas pessoais destes ministros. Diz o jornal que eles se defendem dizendo que são muitas contas para fazer e que um contabilista credenciado lhes dá a garantia de não serem enganados… o que falta explicar, sublinha o jornal, é porque é que foi com dinheiro do erário público que pagaram esses serviços.

Outro escândalo em banho-maria envolve a Força Aérea, a Royal Air Force. Consta que ficheiros classificados de secretos, com informação detalhada sobre a vida de elementos da Força Aérea desapareceram, em Setembro do ano passado. Na altura desimportantizou-se o facto, dizendo que esses documentos apenas continham nomes , datas de nascimentos e dados administrativos sem valor de maior. Reconhece-se agora que esses ficheiros contêm um pouco mais que isso e tanto mais que isso, que até podem ser usados para chantagear os funcionários em causa. E eles são uns 500 , nessa situação. Consta que , nesses ficheiros, há informação sobre coisas como condenações judiciais, dívidas, uso de drogas, visitas a prostitutas, traições conjugais e outros pequenos mimos que, dizem os oficiais superiores da RAF, fariam as delícias de qualquer primeira página de qualquer pasquim, seriam uma excelente moeda de troca numa eventual chantagem.. mas, garante o Ministério da Defesa Britânico, os documentos não terão caído em mãos criminosas ou elementos hostis.

É bom, tanto mais que, pelo ficou exposto, nem a Real Força Aérea, nem o Ministério da Defesa, nem os próprios parecem estar à altura de explicar ao povo inglês que, se fossem mesmo criminosos, ou tivessem uma folha de serviço considerada indigna, já deveriam ter sido expulsos da Força Aérea.

Saltemos agora e de repente para a actualidade nacional.

Vale e Azevedo, o ex presidente do Benfica foi condenado, descontado o tempo já cumprido, a 8 anos e meio de prisão.

Ora, diz o Diário de Notícias, que ontem o juiz da Boa Hora terá dito que Vale e Azevedo tem –citemos – “uma personalidade propensa para a prática de ilícitos criminais com vantagens patrimoniais para si próprio”, “ uma elevada vontade de praticar crimes que determina a necessidade de proteger a comunidade”.

O DN escreve em título, que Vale e Azevedo tem propensão para o crime… é ou não é quase enternecedor?… Quase, como se ouvíssemos alguém dizer do próprio filho que pena, coitado, tem aquela certa propensão para a asneira...

E agora Quim Barreiros. Nem mais.

Para quem o não conheça ele é um cantor muito popular e brejeiro, como se costuma dizer… acordeon e chapéu, já era o herói de feiras e romarias, antes dos nossos jovens universitários o terem descoberto para abrilhantar semanas académicas por todo o país.

Pois acontece que ele era também passagem obrigatória na rádio da escola básica integrada da Azambuja. Escola básica, portanto, alunos do primeiro ciclo…

Acontece também, que o Conselho Executivo acaba de proibir a passagem de Quim Barreiros na rádio da escola. Enfim, de Quim Barreiros tout court, não tanto, mas uma especial cantiga que passava muito.

“A Garagem da Vizinha”. Chama-se a cantiga.

Diz o Correio da Manhã, que alguns pais acharam a medida prepotente e um acto de censura inadmissível… Já a professora de Educação Musical da escola acha que a letra da cantiga não é adequada para o intervalo da manhã dos alunos do 1º ciclo. O presidente do Conselho Executivo diz que falou então com os alunos e como a música não fazia parte de nenhum programa em especial, era só música de fundo, se quisermos… chegou-se a acordo quanto a retirar a música da playlist.

Ora então, acto de censura inadmissível… assim, à primeira, é o que parece… e como seria talvez pedir demais aos meus amigos, que conheçam o refrão da cantiga… deixo-vos para que percebam melhor do que estamos falar: “ponho o carro tiro o carro às horas que eu quiser, que garaje (sic, no original) apertadinha, que doçura de mulher!...- citámos. De meia praça.